quinta-feira, 30 de abril de 2015

Crônica de um massacre anunciado

Dia 29 de abril de 2015 ficará marcado como o dia do massacre d@s profissionais da educação. Um dia para ser lembrado da luta de um povo contra o autoritarismo de um governo que lembra os piores dias da ditadura implantada nesse país por 21 anos. Da uma pequena mostra de como seria o Brasil aos que querem de volta esse regime. O governo Richa demonstra a faceta de um ditador que manda, desmanda de um regime que achávamos que estava morto; pois bem, 2015 mostra que os anos de chumbo estão mais vivos do que nunca. O Estado do Paraná revive os piores momentos dos anos de chumbo. O governador numa clara demonstração ditatorial comanda todos os poderes do Estado com mão de ferro. Nada no Estado pode feito sem o seu consentimento. O judiciário vive a sua mercê baixando a cabeça para os desmandos feitos pelo governador. O legislativo, com exceção de alguns deputados, apenas confirma o que o executivo determina. Nessa linha quiseram acobertar os gastos excessivos do governo tirando direitos dos funcionários públicos, atingindo principalmente a educação. @s educador@s não tendo voz no governo, restou ir à luta, à greve.
            Em fevereiro deflagraram a greve ficando um mês lutando para não perder seus direitos, principalmente o desmonte da previdência. Nesse ínterim tiverem que ocupar a Assembleia Legislativa para que não fosse votada a lei onde perdiam várias conquistas do magistério durante esses 30 anos. Uma passeata monstro, com mais de 50 mil servidores na rua, se dirigiu ao Palácio Iguaçu, fez com que o governo recuasse em seu intento num primeiro momento. Um mês de negociação entre os sindicatos e o governo deram uma trégua ao movimento com @s educador@s voltando as salas de aula.
            No fim de abril o Governo Richa rompe a trégua. Envia ao Legislativo a lei que inviabiliza os pagamentos das aposentadorias d@s funcionári@s públic@s. As greves voltam com força total. O governo endurece na repressão ao movimento.
            25/04 – Professores declaram o reinicio da greve. A Assembleia Legislativa é cercada por tropas do governo.
            26/04 – As tropas ocupam toda a praça do Centro Cívico. As páginas do governo na internet ameaçam os descontos e falta nos dias parados dos grevistas. Servidor@s acampam na Praça do Homem Nu.
            27/04 – Richa recorre ao judiciário que declara a greve abusiva e a imediata volta às aulas. Servidor@s ocupar a praça do Centro Cívico. O acampamento é montado, o chamado formigueiro. Durante o dia movimentação intensa de caravanas que chegam do interior a todo momento. Toda a Assembleia é cercada pela tropa de choque. Cães guardam as entradas do prédio. No inicio da noite o governo ganha o primeiro round: em primeira votação o dinheiro da previdência d@s servidor@s é entregue ao governo a seu bel prazer.
28/04 – Na madrugada, agindo como ratos, as forças repressivas de Richa, invadem o acampamento, derrubando barracas, e encurralando as pessoas que ali se encontravam. Guincharam os caminhões da APP Sindicato que se encontravam em frente a Assembleia. Uma rede de informações pela internet consegue barrar as forças do governo. Áudio e vídeo chegavam a todo momento das atrocidades que ocorriam dentro do acampamento. De manhã o formigueiro intensificava suas forças. As formigas apareciam de todas as partes do Paraná. No meio da manhã as forças de Richa mostram a que veio: bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e spray de pimenta é despejado sobre @s servidor@s. Isso só foi uma amostra do que viria. Na Assembleia as peças se movimentavam. A votação da previdência ficaria para o dia seguinte.
            29/04 – Será lembrado como o dia do massacre no Centro Cívico.
MANHÃ: todas as ruas que dão acesso a Assembleia Legislativa foram bloqueadas pelos servidor@s. Os deputados, dessa vez vieram num veiculo mais nobre que o camburão, chegaram de helicóptero. A Assembleia e ruas adjacentes, cercada por tropas do governo. Cavalaria a postos e cães guardavam os deputados. 30 mil servidor@s em frente as barreiras montadas por policiais. Conforme a manhã ia embora a tensão aumentava. Mais caravanas chegando.

TARDE: um helicóptero voa baixo testando os nervos d@s servidor@s. Muitas barracas voam do formigueiro. A tensão aumenta. A sessão legislativa começa, há uma aproximação maior d@s servidor@s às grades postas pela polícia. No carro de som palavras de ordem. A polícia inicia a pancadaria. Bombas são lançadas para todos os lados. As pessoas mais próximas da grade são alvejadas com cassetetes e spray de pimenta. Há estrondos de bombas por toda a praça. Correria e fumaça. @s servidor@s se reagrupam e voltam falando palavras de ordem. As bombas e gás vem de todos os lados. O helicóptero que trouxe os deputados, agora é arma de guerra. Do céu cai bombas sobre o povo. As balas de borracha começam a fazer suas vítimas: é visto uma mulher sangrando a testa, um rapaz desmaiado com a boca sangrando e os dentes quebrados, uma senhora com parada respiratória, pernas e costas em carne viva. Um cadeirante se posta em frente a linha de tiro. Tentam retira-lo. Não sai, enfrenta os policiais. É atingido por várias bombas. Apelos são feitos de todas as partes para retirar os feridos, em resposta mais bombas. O saguão da prefeitura se transforma em hospital. São dezenas de ferid@s. Os mais graves são removidos para os hospitais da região. A sanha da polícia é tamanha que bombas são lançadas ao redor da prefeitura. Atinge uma creche, as crianças saem chorando. O massacre continua. Mais bombas vem do ar, balas acertam mais funcionári@s. Duas horas e meia de massacre. Na Assembleia, o presidente age como se não estivesse acontecendo. A sessão segue normal até o final da votação. Os servidor@s perdem esse round. O Paraná perde, a democracia perde. O governador conseguiu uma vitória de Pirro. Um preço que o marcará na testa como um déspota na história do Estado.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Revista Pesquisa Participativa

A pesquisa participante, assim como a pesquisa ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Abaixo link para acessar revista eletrônica sobre o tema.

http://issuu.com/mauromarcolinocarneiro/docs/pesquisa_participativa/1


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Complexo de vira-latas

Nelson Rodrigues


Hoje vou fazer do escrete o meu numeroso personagem da semana. Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: “O Brasil não vai nem se classificar!”. E, aqui, eu pergunto:

— Não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado?

Eis a verdade, amigos: — desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. O tempo passou em vão sobre a derrota. Dir-se-ia que foi ontem, e não há oito anos, que, aos berros, Obdulio arrancou, de nós, o título. Eu disse “arrancou” como poderia dizer: “extraiu” de nós o título como se fosse um dente.

E hoje, se negamos o escrete de 58, não tenhamos dúvida: — é ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: — o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer esperança. Só imagino uma coisa: — se o Brasil vence na Suécia, se volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício.

Mas vejamos: — o escrete brasileiro tem, realmente, possibilidades concretas? Eu poderia responder, simplesmente, “não”. Mas eis a verdade:

— eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: — sou de um patriotismo inatual e agressivo, digno de um granadeiro bigodudo. Tenho visto joga dores de outros países, inclusive os ex-fabulosos húngaros, que apanharam, aqui, do aspirante-enxertado do Flamengo. Pois bem: — não vi ninguém que se comparasse aos nossos. Fala-se num Puskas. Eu contra-argumento com um Ademir, um Didi, um Leônidas, um Jair, um Zizinho.

A pura, a santa verdade é a seguinte: — qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma:

— temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “com plexo de vira-latas”. Estou a imaginar o espanto do leitor: — “O que vem a ser isso?” Eu explico.

Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Por que, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do empate. Pois bem: — e perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: — porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos.

Eu vos digo: — o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo.

O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que ele se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota.
Insisto: — para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão.

Texto extraído do livro “As cem melhores crônicas brasileiras”, editora Objetiva, Rio de Janeiro (RJ), p 118/119, e ao  livro “À sombra das chuteiras imortais: crônicas de chutava”, seleção de notas de Ruy Castro – Companhia das Letras – 1993.

domingo, 19 de abril de 2015

As abelhas sem ferrão

Se o receio de levar ferroadas é o que impede de se colocar em prática o interesse pela produção de mel, alimento com demanda certa, por ser um produto saudável e delicioso, uma boa alternativa é o manejo de abelhas sem ferrão. Impossibilitadas de dar doloridas picadas, elas não precisam de fumaça para ser acalmadas nem que o meliponicultor use equipamentos de proteção individual (EPIs), como macacão com máscara conjugada, botas de borracha e luvas de nitrila.

Atrofiado ao longo da evolução das espécies desse grupo, o ferrão não oferece risco à população, permitindo que essas abelhas possam ser criadas em áreas próximas de pessoas e animais, inclusive em ambientes urbanos. Mas vale ressaltar que, quando se sentem ameaçadas, elas se defendem mordendo geralmente olho, orelha, nariz e cabelo do invasor. O uso de um véu, no entanto, é o suficiente para proteger o rosto de algum ataque.

Formão, fita adesiva e alimentadores são os materiais de manejo para iniciar a criação que, junto com o véu, custam cerca de R$ 100. São necessários mais R$ 500 para a estrutura e cobertura das colônias, as quais variam de R$ 100 a R$ 300 dependendo da espécie e da região do país.

Há centenas de espécies de abelhas sem ferrão em regiões tropicais e subtropicais do mundo. Possuem grande diversidade de formas, cores e tamanhos, com exemplares medindo de 0,2 centímetro de comprimento até próximo de 2 centímetros. Aqui, são conhecidas cerca de 200 delas, destacando-se a jataí, a arapuá e a tiúba.
Também chamadas de meliponíneos, as abelhas sem ferrão formam colônias perenes habitadas tanto por algumas dezenas quanto por vários milhares de indivíduos. Em geral, constroem os ninhos dentro de cavidades já existentes, sendo que a maioria vive dentro de ocos de árvores. Algumas espécies gostam de instalar seus ninhos no solo, em cupinzeiros e em lugares altos.

Em cativeiro, as abelhas sem ferrão são criadas em caixas pequenas, que não exigem esforço físico e ocupam menos espaço. Por outro lado, com uma população reduzida, a produtividade da colônia da maioria das espécies, de 1 a 4 litros de mel por ano, é menor se comparada com a das abelhas com ferrão, que registra de 20 a 40 litros por ano.
Contudo, além de ter 10% menos de açúcar, o mel de abelha sem ferrão apresenta tipos diferentes de acordo com cada espécie produtora, ampliando o leque de opções para o mercado e agregando valor ao alimento, cujos preços no varejo variam de R$ 30 a R$ 100 por litro. Enquanto alguns são mais viscosos e doces, outros são mais líquidos e azedos.

Livros e Apostilas sobre Abelhas Sem Ferrão

Abelhas Sem Ferrão

Abelhas nativas

Criação de abelhas sem ferrão

Mel de abelhas sem ferrão

Vida e cria de abelhas indígenas




domingo, 12 de abril de 2015

APOSTILAS DE AGROECOLOGIA

Agroecologia: alguns conceitos e princípios

Agroecologia

Cartilha de Agroecologia

Introdução à Agroecologia

A Agroecologia, Agricultura Biodinâmica e a Permacultura

TEORIA E MÉTODOS EM AGROECOLOGIA


AGROECOLOGIA - O VENENO ESTÁ NA MESA I e II


O documentário de Silvio Tendler pode insinuar um filme de terror, mas O veneno está na mesa, película do experiente documentarista brasileiro, assusta mesmo pela revelação, em vídeo, de uma realidade cotidiana: 28% dos alimentos oferecidos à população brasileira são insatisfatórios para consumo.  Baseado em dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), divulgado em 2012, o filme mostra que desde 2008, quando ultrapassou os Estados Unidos, o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo.
Elaborado por pesquisadores de diversas universidades federais brasileiras, o extenso relatório da Abrasco reúne dados oficiais e uma série de estudos que denunciam o descontrole do uso de agrotóxicos no Brasil e comprovam os graves e diversificados danos à saúde provocados pelo uso de biocidas. O dossiê foi divulgado em três momentos no ano passado, sendo que os últimos dados foram tornados públicos em novembro. O nível médio de contaminação dos alimentos colhidos nos 26 estados do país é grave: pimentão (91,8%), morango (63,4%), pepino (57,4%), alface (54,2%) e cenoura (49,6%), apenas para citar alguns exemplos. 

O veneno está na mesa I


O veneno está na mesa II