Dia 29 de abril de 2015
ficará marcado como o dia do massacre d@s profissionais da educação. Um dia
para ser lembrado da luta de um povo contra o autoritarismo de um governo que
lembra os piores dias da ditadura implantada nesse país por 21 anos. Da uma
pequena mostra de como seria o Brasil aos que querem de volta esse regime. O
governo Richa demonstra a faceta de um ditador que manda, desmanda de um regime
que achávamos que estava morto; pois bem, 2015 mostra que os anos de chumbo
estão mais vivos do que nunca. O Estado do Paraná revive os piores momentos dos
anos de chumbo. O governador numa clara demonstração ditatorial comanda todos
os poderes do Estado com mão de ferro. Nada no Estado pode feito sem o seu
consentimento. O judiciário vive a sua mercê baixando a cabeça para os desmandos
feitos pelo governador. O legislativo, com exceção de alguns deputados, apenas
confirma o que o executivo determina. Nessa linha quiseram acobertar os gastos
excessivos do governo tirando direitos dos funcionários públicos, atingindo
principalmente a educação. @s educador@s não tendo voz no governo, restou ir à
luta, à greve.
Em fevereiro deflagraram a greve ficando um mês lutando
para não perder seus direitos, principalmente o desmonte da previdência. Nesse ínterim
tiverem que ocupar a Assembleia Legislativa para que não fosse votada a lei onde
perdiam várias conquistas do magistério durante esses 30 anos. Uma passeata monstro,
com mais de 50 mil servidores na rua, se dirigiu ao Palácio Iguaçu, fez com que
o governo recuasse em seu intento num primeiro momento. Um mês de negociação
entre os sindicatos e o governo deram uma trégua ao movimento com @s educador@s
voltando as salas de aula.
No fim de abril o Governo Richa rompe a trégua. Envia ao
Legislativo a lei que inviabiliza os pagamentos das aposentadorias d@s funcionári@s
públic@s. As greves voltam com força total. O governo endurece na repressão ao
movimento.
25/04 – Professores declaram o reinicio da greve. A Assembleia
Legislativa é cercada por tropas do governo.
26/04 – As tropas ocupam toda a praça do Centro Cívico.
As páginas do governo na internet ameaçam os descontos e falta nos dias parados
dos grevistas. Servidor@s acampam na Praça do Homem Nu.
27/04 – Richa recorre ao judiciário que declara a greve
abusiva e a imediata volta às aulas. Servidor@s ocupar a praça do Centro
Cívico. O acampamento é montado, o chamado formigueiro. Durante o dia
movimentação intensa de caravanas que chegam do interior a todo momento. Toda a
Assembleia é cercada pela tropa de choque. Cães guardam as entradas do prédio.
No inicio da noite o governo ganha o primeiro round: em primeira votação o
dinheiro da previdência d@s servidor@s é entregue ao governo a seu bel prazer.
28/04 – Na madrugada, agindo
como ratos, as forças repressivas de Richa, invadem o acampamento, derrubando
barracas, e encurralando as pessoas que ali se encontravam. Guincharam os
caminhões da APP Sindicato que se encontravam em frente a Assembleia. Uma rede
de informações pela internet consegue barrar as forças do governo. Áudio e vídeo
chegavam a todo momento das atrocidades que ocorriam dentro do acampamento. De manhã
o formigueiro intensificava suas forças. As formigas apareciam de todas as
partes do Paraná. No meio da manhã as forças de Richa mostram a que veio:
bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e spray de pimenta é despejado sobre
@s servidor@s. Isso só foi uma amostra do que viria. Na Assembleia as peças se
movimentavam. A votação da previdência ficaria para o dia seguinte.
29/04 – Será lembrado como o dia do massacre no Centro
Cívico.
MANHÃ:
todas as ruas que dão acesso a Assembleia Legislativa foram bloqueadas pelos
servidor@s. Os deputados, dessa vez vieram num veiculo mais nobre que o
camburão, chegaram de helicóptero. A Assembleia e ruas adjacentes, cercada por
tropas do governo. Cavalaria a postos e cães guardavam os deputados. 30 mil
servidor@s em frente as barreiras montadas por policiais. Conforme a manhã ia
embora a tensão aumentava. Mais caravanas chegando.
TARDE:
um helicóptero voa baixo testando os nervos d@s servidor@s. Muitas barracas
voam do formigueiro. A tensão aumenta. A sessão legislativa começa, há uma
aproximação maior d@s servidor@s às grades postas pela polícia. No carro de som
palavras de ordem. A polícia inicia a pancadaria. Bombas são lançadas para
todos os lados. As pessoas mais próximas da grade são alvejadas com cassetetes
e spray de pimenta. Há estrondos de bombas por toda a praça. Correria e fumaça.
@s servidor@s se reagrupam e voltam falando palavras de ordem. As bombas e gás
vem de todos os lados. O helicóptero que trouxe os deputados, agora é arma de
guerra. Do céu cai bombas sobre o povo. As balas de borracha começam a fazer
suas vítimas: é visto uma mulher sangrando a testa, um rapaz desmaiado com a
boca sangrando e os dentes quebrados, uma senhora com parada respiratória,
pernas e costas em carne viva. Um cadeirante se posta em frente a linha de
tiro. Tentam retira-lo. Não sai, enfrenta os policiais. É atingido por várias
bombas. Apelos são feitos de todas as partes para retirar os feridos, em
resposta mais bombas. O saguão da prefeitura se transforma em hospital. São
dezenas de ferid@s. Os mais graves são removidos para os hospitais da região. A
sanha da polícia é tamanha que bombas são lançadas ao redor da prefeitura.
Atinge uma creche, as crianças saem chorando. O massacre continua. Mais bombas
vem do ar, balas acertam mais funcionári@s. Duas horas e meia de massacre. Na
Assembleia, o presidente age como se não estivesse acontecendo. A sessão segue
normal até o final da votação. Os servidor@s perdem esse round. O Paraná perde,
a democracia perde. O governador conseguiu uma vitória de Pirro. Um preço que o
marcará na testa como um déspota na história do Estado.